segunda-feira, 28 de abril de 2014

Seja Você Mesmo

Hoje uma pessoa, a qual eu tenho imenso carinho, me deixou um post que dizia "Seja você mesmo. Todos os outros já existem..." Eu não entendi o porquê que ela me mandou isso, mas eu gostei bastante, por algum motivo eu me senti confortada ao ler essa frase.

Mas ai surge aquela questão que eu não consigo responder: Quem é você?

Florbela Espanca escreveu: “Quando morrer, é possível que alguém, ao ler estes descosidos monólogos, leia o que sente sem o saber dizer, que essa coisa tão rara neste mundo - uma alma - se debruce com um pouco de piedade, um pouco de compreensão, em silêncio, sobre o que eu fui ou o que julguei ser. E realize o que eu não pude: conhecer-me”.

Será? Será que alguém ao ler meus pensamentos, meus desabafos, meus devaneios conseguirá me conhecer e descobrir o que eu não consegui: Saber quem sou? Acredito que esse foi o motivo de eu ter começado a escrever este blog. Foi a esperança que alguém pudesse desvendar este mistério e pudesse me dar alguma direção.

Eu assisti um filme esses dias em que a personagem principal dizia: "Não sou formada apenas por coisas só minhas... Assim como uma flor não escolhe a cor que tem, não somos responsáveis pelo o que nos tornamos. Só quando percebemos isso nos tornamos livres e virar adulto é ser livre".

Por um instante eu desejei ter esta convicção, desejei simplesmente aceitar que este demônio e este anjo intensamente entrelaçados sou eu, e comecei a me questionar se realmente podemos ser culpados pelas nossas compulsões.

Quando eu digo compulsões, não estou me referindo a defeitos ou falhas de caráter, mas sim resultado de traumas, criação ou outras variáveis que simplesmente foram alicerces para constituição do nosso Ser, de nosso Caráter. Estou me referindo a Moral de um Ser Humano.

As pessoas acreditam - e fazem parecer tão lógico e óbvio - que esta força existente entre o bem e o mal dentro de todo ser humano, é algo totalmente domável. É somente uma questão de ajuda celestial, esforço e força de vontade para que o bem prevaleça.

Elas não entendem que quando estas forças do bem e do mal fazem parte da constituição do seu ser, elas passam a Ser você e não somente algo que você tem dentro de si. Entende do que eu estou falando? Provavelmente não.

Visto que sou estas duas forças poderosas e opostas, meus sentidos são tão aguçados que beiram ao insuportável. Eu ouço o que os outros não ouvem, e coisas pequenas e distantes que as pessoas não conseguem enxergar, são visíveis pra mim.

Mas no fim, não importa o que aconteça eu não consigo ser Eu Mesma porque simplesmente não sei o que realmente sou. 

Sou a versão angelical problemática, com traumas e questões internalizadas mal resolvidas? Sou a versão demoníaca lasciva com lapsos de consciência? Ou sou apenas alguém totalmente sozinha que tem os sentidos apurados como fruto de uma vida de anseio? Anseio de de ser resgatada... Anseio de ser completada...

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Sonhos

A Enciclopédia define os sonhos como uma experiência que possui distintos significados se for levado em consideração as várias crenças envolvendo religião, ciência e cultura.

Para a ciência os sonhos nada mais são que uma experiência do inconsciente durante nosso período de sono. Ou seja,  a maior parte das vezes, os sonhos nada mais são que a busca pela realização de um desejo reprimido, a busca de um ideal, de um equilíbrio.

Pesquisando estas definições começo a enxergar algumas verdades e desejos sobre mim mesma, que até então, meu consciente sempre deixou bem claro - de uma forma ou de outra - que são coisas que preciso aprender a viver sem, são coisas que eu não posso querer ou desejar pois nunca as terei e alimentar tal esperança vã, seria só mais uma forma de criar e alimentar um novo sofrimento. Sendo assim, eu passei a não desejá-las e até a repudiá-las.

Esta manhã eu acordei como sempre com o mix de sentimentos, mas desta vez, a sensação deste mix era totalmente nova, extasiante, inquietante e desapontante também.

Eu raramente me lembro dos meus sonhos mas durante esta noite, entre vários sonhos sem sentido, passou-se uma história com roteiro, com estrutura. Na história principal sempre apareciam os mesmos personagens, o mais interessante é que eu nunca vi nenhum deles! Pelo menos, não os conheço.

Eu sempre tive este desejo infantil e irrealista de achar "My People" - Meu Pessoal, Minha Galera - e que eu faria parte disso, e de que certa forma, eles me libertariam da escravidão do meu vazio. Me faziam me sentir pertencente a algo e eu era uma peça muito importante deste "algo".

Meu sonho além de idealizar este desejo - o que é mais que normal que eu sonhe pois sempre tento, com resultados frustrantes, achar ou tentar enquadrar as pessoas na minha ideia de "My People" - também idealizou um outro desejo jamais explorado pelo meu consciente, subconsciente e até mesmo pelo meu inconsciente, até então. Eu estava apaixonada neste sonho, e o cara efetivamente fazia parte do "My People".

Ele estava apaixonado também, estávamos noivos e durante toda a história eu encontrava com pessoas do meu dia a dia, com amigos e familiares e eu sabia que eu os amava e eles faziam parte da minha felicidade, mas não se comparava com o sentimento de amor, segurança, lealdade e realização que o "My People" me proporcionavam em especial porque eu estava vivendo algo diferente, intenso e confortante com um dos integrantes do "grupo".

No sonho eu pude "sentir" ou ao menos ter a representação limitada do que é amar um homem e ser amada por ele... O que mais me impressionou? Eu gostei da sensação, eu desejei que aquilo fosse verdade no momento em que abri meus olhos pela manhã.

Mesmo sendo um sonho, tive uma sensação gostosa nos primeiros 30 minutos em que meus olhos se abriram e não, a sensação não tinha haver com sexo. Era algo mais intenso, profundo e duradouro. Acho que ainda estava em êxtase tentando me lembrar de todos os detalhes da minha fingida e forçada representação do que deve ser "estar apaixonada", e por um momento eu me permiti devanear sobre esta fantasia.

A questão que fica martelando em minha mente é o porquê deste sonho? Será que eu tenho um desejo reprimido pra amar romanticamente alguém? Será que meu inconsciente de alguma forma acredita que desta forma meu vazio, solidão e sofrimento seriam amenizados? Desta forma talvez eu consiga enxergar o sol, a luz no fim do horizonte?

Não sei, mas sei que com certeza é só cavar fundo uma cova perigosa e escorregadia. E num instinto de sobrevivência e autopreservação as vezes é necessário sacrificar algumas "variantes" e seguir nos caminhos mais "concretos" que já conhecemos, por mais espinhosos que seja.

Até porque, por mais desejáveis, irreais ou reais, impossíveis ou possíveis que sejam nossos sonhos, eles são apenas Sonhos.