quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Chegar...

E essa vontade louca, quase beirando ao desespero, de jogar tudo pro alto e ir andando pela estrada sem destino, mas com uma pressa emergencial de chegar....

Chegar aonde você pertence... Chegar ao lugar que pertence a você... Chegar aonde reside, não seu próximo, mas os seus semelhantes.

Chegar no seu tempo e espaço e conseguir jogar os sapatos pro alto e sentir o chão sem medo dos cacos de vidro e pedras que possa existir e lhe machucar.

Chegar ao topo da montanha e sentir o ar puro e fresco acariciar seu rosto e lhe susurrar que agora sim está tudo bem...

Chegar ao lugar que enfim você possa respirar... Chegar ao lugar aonde eu deveria ter visitado em minha infância, mas como em tudo na minha vida a que eu tinha direito, foi-me negado.

Chegar agora... chegar tarde... chegar jamais.

Enfim... Chegar, sentar e descansar a alma dos sentimentos.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Desilusão

Ela sempre sentiu, de todas as formas possíveis, como a mentira lhe rondava e lhe contava histórias... 

Histórias de como os passeios de domingo na sua infância não iriam acontecer... De como amanhã não seria um melhor dia, de como a lealdade era fidedígna somente até a página 2...

Ela sempre sentiu a reprovação imediatada diante de qualquer perspectiva de acerto...  Ela sempre sentiu que a imaturidade, confusão, desespero e problemática alheia, era o que fazia com que ela fosse apresentada como solução em meio ao caos... Mas que, em meio da toda confusão, sempre há lampejos de luz, que fariam a verdade vir a tona.

Ela sempre sentiu toda verdade, toda mentira, todo veneno, toda amargura maldosa...

Mas ela nunca soube... Não, ela nunca realmente soube.

Ela nunca soube que os passeios de domingo não iriam acontecer, por isso que ela ansiava por cada domingo... Mas todo domingo ela descobria que havia sido enganada e seu coração se partia e ela chorava... Mas logo em seguida ela estava ansiosa para o próximo domingo frente a uma outra promessa baseada em uma mentira... Será que ela sempre soube que era mentira? Será que sua ânsia por autodestruição a fazia neutralizar todo “poder” de seus sentidos para que ela ainda pudesse depositar alguma fé em algo que claramente não era real?

Ela sempre achou que o dia de amanhã seria melhor... Novos ares... Novas perspectivas. Uma nova chance pra começar, recomeçar... Mas todos os dias ela se deparava com o fato de que nada é justo e pouco é certo... Que a falta de esperança e o tormento estariam esperando por ela a todo e cada amanhecer... E que o mundo continuaria sempre o mesmo.

Ela nunca soube que seria incompreendida, abandonada e descartada por elas, por eles... por ele... Que mesmo que eles dissesem que entendiam, no fundo eles jamais quiseram saber...  Mas como é possível que ela não soubesse? Ela já passou por isso de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo.... E de novo.

E ela ainda irá passar por isso... De novo... de novo... e de novo....