Ela sempre sentiu, de todas as formas possíveis, como a mentira lhe rondava e lhe contava histórias...
Histórias de como
os passeios de domingo na sua infância não iriam acontecer... De como amanhã não
seria um melhor dia, de como a lealdade era fidedígna somente até a página 2...
Ela sempre
sentiu a reprovação imediatada diante de qualquer perspectiva de acerto... Ela sempre sentiu que a imaturidade, confusão,
desespero e problemática alheia, era o que fazia com que ela fosse apresentada
como solução em meio ao caos... Mas que, em meio da toda confusão, sempre há
lampejos de luz, que fariam a verdade vir a tona.
Ela sempre
sentiu toda verdade, toda mentira, todo veneno, toda amargura maldosa...
Mas ela
nunca soube... Não, ela nunca realmente soube.
Ela nunca
soube que os passeios de domingo não iriam acontecer, por isso que ela ansiava
por cada domingo... Mas todo domingo ela descobria que havia sido enganada e
seu coração se partia e ela chorava... Mas logo em seguida ela estava ansiosa
para o próximo domingo frente a uma outra promessa baseada em uma mentira... Será
que ela sempre soube que era mentira? Será que sua ânsia por autodestruição a
fazia neutralizar todo “poder” de seus sentidos para que ela ainda pudesse
depositar alguma fé em algo que claramente não era real?
Ela sempre
achou que o dia de amanhã seria melhor... Novos ares... Novas perspectivas. Uma
nova chance pra começar, recomeçar... Mas todos os dias ela se deparava com o fato de que
nada é justo e pouco é certo... Que a falta de esperança e o tormento estariam
esperando por ela a todo e cada amanhecer... E que o mundo continuaria sempre o
mesmo.
Ela nunca
soube que seria incompreendida, abandonada e descartada por elas, por eles... por
ele... Que mesmo que eles dissesem que entendiam, no fundo eles jamais
quiseram saber... Mas como é possível
que ela não soubesse? Ela já passou por isso de novo, e de novo, e de novo, e
de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de
novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo....
E de novo.
E ela ainda
irá passar por isso... De novo... de novo... e de novo....