terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Solidão

A maioria das pessoas desconhecem o real significado da palavra Solidão.

Solidão não significa tão somente estar desacompanhado. Certa obra de referência descreve a solidão como um "sentimento no qual uma pessoa sente uma profunda sensação de vazio e isolamento. A solidão é mais do que o sentimento de querer uma companhia ou querer realizar alguma atividade com outra pessoa não por que simplesmente se isola mas por que os seus sentimentos precisam de algo novo que as transforme."

Esta descrição nos traz a mente a imagem de alguém perdido dentro de si mesmo. É exatamente isso que as pessoas solitárias são. São cheias de sentimentos vazios, muito próximas de pessoas muito distantes... Seja de presença, seja de espírito.

A solidão é um amo cruel que faz com que você esteja sozinha todo o tempo. Estar sozinha todo o tempo é difícil. E o mais difícil, é que a solidão é algo que você não, simplesmente, se acostuma. Você sobrevive a solidão, você sobrevive.

Durante todo o tempo que ela te assola, você nutre - a cabeça de uma agulha acessa de - esperança. Esperança de encontrar algo ou alguém - não necessariamente no quesito romântico - que possa fazer com que você se sinta mais "humano". Que faça com que você sinta que pertence a algum lugar, a um plano a algo.

As vezes no profundo vazio dos pensamentos e sentimentos, que a solidão nos enche todos os dias, nós começamos a devanear sobre situações diversas, numa tentativa desesperada de nos livrar da realidade fria e entediante do vazio, do só.

Nesses devaneios, frequentemente, me imagino em viagens, saídas com amigos - todos muito leais e companheiros - festas familiares em um domingo ensolarado.

Volta e meia o devaneio me deparada comigo mesma. Com minha vida, meu tédio, meu vazio, minha solidão. Normalmente, neste momento, eu devaneio sobre meu próprio funeral. Como eu gostaria que fosse, como eu gostaria de estar vestida, quem eu gostaria que estivesse lá, como seria meu caixão.

O cenário sempre é o mesmo. É numa manhã ensolarada e agradável de domingo, as pessoas estão bem vestidas e asseadas, com cabelos bem arrumados. O cemitério é um lugar bonito e tranquilo, não horripilante e macabro. Meu caixão é de metal dourado e há um quadro com uma foto minha -  a qual estou deslumbrante- ao lado dele.

O trágico e engraçado contraste é que ao mesmo tempo que eu desejo que as pessoas presentes sofram e fiquem devastadas pela minha partida, eu desejo que elas se sinta aliviadas e não se sintam mal. Eu gostaria que elas tivessem a sensibilidade de entender que no fundo do meu coração eu fiquei aliviada por ter ido.

A - minha impossível -  esperança de acordar num mundo melhor, de acordar sendo outro alguém, ter outra vida, o "E Se", faz com que a ideia não seja assim tão incoerente.

Deve ser melhor... Ou não.