1º Ato:
O exército daqueles que amo me cercam, e eu os cerco. Eles não me deixarão em paz até que eu vá com eles, até que eu os responda. Até que eu descarregue-os com a carga da alma.
2º Ato:
Feminilidade, e tudo que compõe uma mulher. O útero, os seios, mamilos, leite materno, choro, risada, pranto, visões amorosas, perturbações amorosas e ascendência. A voz, articulação, linguagem, sussurro, grito alto. Comida, bebida, pulso, digestão, suor, dormir. Andar, nadar, controle nos quadris, saltos, bamboleio, abranger, curvar os braços e apertar. As mudanças contínuas no franzir da boca e ao redor dos olhos. A pele, marcas de sol, sardas, cabelo. A simpática curiosidade que ela sente com a mão na carne nua do corpo, o ciclo da respiração, inspira e expira. A beleza da cintura, daí o quadril, e daí para baixo em direção aos joelhos. Os ossos e a medula nos ossos. Essas não são somente partes de um poema e um corpo, mas da alma.
3º Ato:
As melhores mentes das últimas gerações foram destruídas pela loucura. Ficaram famintos, histéricos e nus arrastando-se em ruas escuras na madrugada em busca de uma dose violenta. Cansados de serem santinhos descolados, ardendo por um contato celestial, fumando na escuridão sobrenatural; usando farrapos e com olhos fundos. Flutuando nos topos das cidades apreciadoras de jazz. Aqueles que mostraram seus cérebros para o paraíso e viram anjos iluminados cambaleando no telhado de cortiços, eles que passaram por universidades com olhos radiantes. Aqueles que se encolhiam em quartos usando roupas íntimas ouvindo o terror através das paredes. Aqueles que foram pegos bebendo no beco do paraíso; ou contorcendo seu torso noite após noite com sonhos, com drogas, com pesadelos acordados. E então, de ser criada á sua imagem e semelhança á ser banida por querer ser muito como Ele, nós fomos expulsos do Jardim do Éden e fizemos um Jardim do Mal. As cidades de deuses e monstros, o mundo do meio - onde somente as escolhas feitas de seu livre arbítrio irão decidir se você escolherá o caminho correto - é chamado por alguns poetas de "Entrada para o mundo interior", mas em algumas noites de verão, parecia um Paraíso. Um Paraíso perdido.
- Citação do Poema citado do curta-metragem "Trópico"